Mesa de debate com seis pessoas, incluindo uma mulher em cadeira de rodas, no evento do Senac RJ.

A Conferência Latino-Americana de Linguagem Simples – Direito à comunicação, à informação e à participação mobilizou, nessa quarta-feira (29), especialistas, ativistas, profissionais da imprensa e representantes de instituições da América Latina e da Europa para discutir estratégias de acessibilidade comunicacional e fortalecer o direito à informação. O evento,coorganizado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e pelo Centro de Referência em Educação Inclusiva (CREI/Sesc/Senac), acontece no Rio de Janeiro (RJ) e conta com transmissão ao vivo pelo canal do MDHC no Youtube até esta quinta-feira (30).

Durante a abertura do evento, a secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Anna Paula Feminella, destacou o papel da linguagem simples na promoção dos direitos humanos. “Em nome do governo federal, do presidente Lula e da ministra Macaé Evaristo, celebramos esse encontro tão representativo e potente. É incrível ver agentes governamentais, comunicadores e pessoas comprometidas com a inclusão reunidas em torno da linguagem simples, que é uma forma de popularizar o conhecimento e ampliar o acesso a direitos”, disse.

Confira a transmissão do primeiro dia da Conferência Latino-Americana de Linguagem Simples.

Em seguida, a gestora abordou a importância da comunicação acessível para garantir que diferentes grupos sociais possam exercer seus direitos de forma plena e participar de maneira efetiva na sociedade. “Pessoas refugiadas, migrantes e aquelas que não são fluentes em português também se beneficiam dessa abordagem, que permite compreender e acessar informações de forma objetiva. Em meio a um universo de fake news e desinformação que abalam nossas estruturas sociais e nossa saúde mental, comunicar de forma simples é um ato de solidariedade”, afirmou.

Por sua vez, a diretora do CREI, Maria Antônia Goulart, destacou a importância do encontro para o fortalecimento da acessibilidade comunicacional na América Latina. “Este evento permite identificar caminhos para ampliar o acesso à comunicação para pessoas com deficiência intelectual, além de orientar políticas e práticas que tornem as informações mais objetivas, inclusivas e efetivamente disponíveis a todos, fortalecendo a participação cidadã e o exercício pleno de direitos”, pontuou.

Anna Paula Feminella, secretária, está à direita, de vestido vinho, falando ao microfone no evento.
(Foto: Sylvio Loureiro)

Cooperação internacional pela linguagem simples

O encontro, realizado na Cápsula de Inovação do Senac, no Rio de Janeiro (RJ), reuniu representantes da Argentina, México, Colômbia, Uruguai, Equador, Suécia, Espanha, Alemanha, Austrália e Portugal em seu primeiro dia. A programação segue até esta quinta-feira (30).

Jornalista e ativista dos direitos das pessoas com deficiência, Patrícia Almeida mediou um dos debates e destacou a conferência como uma plataforma de cooperação internacional para avançar na inclusão comunicacional e para fortalecer a colaboração entre os países da América Latina. “A troca de conhecimentos permite desenvolver políticas e conteúdos mais acessíveis, garantindo que todas as pessoas tenham acesso à informação e possam exercer plenamente seus direitos”, pontuou.

Para a professora e escritora argentina Paola Jelonch, a leitura fácil e a linguagem simples são fortes elementos para a promoção a acessibilidade e a inclusão. “A acessibilidade não é um novo direito, nem um direito de minorias, mas uma condição essencial para compreender os direitos humanos que pertencem a todas as pessoas. Sociedades verdadeiramente inclusivas se medem pela qualidade do conhecimento que oferecem às suas comunidades. Este é o momento de unir forças, compartilhar saberes e reduzir as brechas linguísticas, sociais e digitais para construir um continente mais justo”, ressaltou.

Pessoas sentadas em um evento, ouvindo atentas, algumas com fones e crachás pendurados.
(Foto: Sylvio Loureiro)


Experiências

Durante a conferência, a coordenadora da Organização da Sociedade Civil (OSC) Mais Diferenças, Carla Mauch, apresentou iniciativas que consolidam o Brasil como referência na produção de conteúdos acessíveis e inclusivos. A OSC foi pioneira no país ao desenvolver livros e obras literárias em linguagem simples, produzidos em múltiplos formatos acessíveis que incluem versões impressas e audiovisuais com narração, Libras e audiodescrição.
“A linguagem simples tem um papel fundamental para que possamos avançar na garantia plena de acessibilidade para um número muito grande de pessoas com deficiência intelectual, com surdez ou com baixo letramento. Ela nos permite democratizar o acesso à leitura e à informação, formando leitores que, até então, não tinham oportunidades de acessar conteúdos adaptados às suas necessidades”, destacou.

Parceiros

Além do MDHC e do CREI, o evento conta com o apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro, do Instituto Jô Clemente, do Laboratório Pólen (Fiocruz/ENSP), da Xarxa AccessCat, da Inclusion International, da Down Syndrome International, do Instituto Interamericano sobre Deficiência e Inclusão, da Fundação Visibilia, da Asdown Colômbia, da Lectura Fácil México e da a Rede Latino-Americana de Organizações de Pessoas com Deficiência e suas Famílias (RIADIS).

Texto: T.A./M.C.M.
Edição: F.T.